AURIBERTO CAVALCANTE
COMPLETA 33 ANOS DE LITERATURA
"  BERROS RIMA COM EROS "
 
" O  Prof. Auriberto Cavalcante, do Liceu do Ceará, em visita que me fez
    recentemente, ofereceu-me os livros de poemas de sua autoria, a  
seguir   enumerados: Berros (1999), Vinte Anos de Poesia (2002) e 2004. 
 Não   precisa ser um especialista no assunto para concluir que o poeta 
 fez   opção pelo discurso social estruturado numa linguagem que se  
caracteriza   pela agressividade da sintaxe. Nada de lirismo do tipo  
flor de   laranjeira, até mesmo quando escreve poemas de amor. O  
Poeminha   Romântico (Berros, p. 109) é um recado nada diplomático de um
  Romeu que   fala diretamente do que lhe interessa, sem rodeios e  
metáforas, a uma   Julieta completamente fora dos padrões  
shakespeareanos.
A mesma  agressividade está presente na maioria dos poemas de fundo   
social. A  poesia de Auriberto Cavalcante é sujeito com objeto direto.  
 Uma  verdadeira explosão. Um bombardeio epigramático, a lembrar as   
flechas  mais envenenadas do barão de Itararé. Poesia cujo núcleo verbal
   é feito  de rebeldia, de sarcasmo, de indignação contra toda forma de
   injustiça e  de exploração do homem pelo homem. Em Made in Brazil, o 
  poeta denuncia  que “o americano / bebe o suor / do brasileiro / nosso
   café / come a  nossa lagosta / impõe sua vontade (...) e ainda cobra 
  juros”. É um  retrato perfeito da subserviência dos governos   
latino-americanos aos  agiotas internacionais, que mandam seus recados  
 por e-mail para os  vassalos do Terceiro Mundo, ordenam confiscos de   
salários dos  trabalhadores da ativa e dos aposentados, além de   
cometerem outros  absurdos, como a instituição do obsceno superávit   
primário, uma espécie  de bezerro de ouro dos tempos modernos.
Auriberto Cavalcante adverte  num poema telegráfico: “NAS MÃOS DO AGIOTA
   / JAZ UM IDOTA”. Outros  poemas construídos com a mesma argila da   
indignação: “O feto bailava /  no útero de ouro / da mulher rica. //   
Outro feto jazia / no útero de  fome / da mulher pobre”. Em outro poema 
  de 2004 (p. 63), o poeta volta a  tocar o dedo na ferida, ao dizer que
   “o FMI / deixa a população sem  salário / sem educação / sem saúde / 
 sem  emprego / sem segurança / sem  esperança”. Na página 25 de Berros,
 o   autor presta homenagem das mais  justas ao grande médico e poeta  
Caetano  Ximenes Aragão, falecido há  vários anos, que se notabilizou  
pela  contundência do seu discurso  poético e pelas vertentes sociais de
  sua  temática. São de CXA os versos a  seguir “SOU NORDESTINO / SOU UM
  NÓ /  DO DESTINO”.
Vários  intelectuais cearenses têm manifestado seus pontos de vista   
sobre a  poética de Auriberto Cavalcante. Dimas Macêdo nos dá sua   
opinião: “O  certo é que o poeta apurou sua voz e deu maior poder de vôo
   à imaginação  (...) à construção de uma poesia dialética e   
participativa, que instiga  a práxis do engajamento e a restauração da  
 política do corpo”. 
Todo  poeta deve ter a liberdade de escolher os seus caminhos e de   
expressar  livremente a sua visão-de-mundo. Da mesma forma, tem a   
obrigação de  respeitar aqueles que pensam e agem de forma diferente,   
segundo os  princípios de diversidade e pluralidade que estão na origem 
  da natureza  humana. Num mundo e numa época em que até as chamadas   
ciências exatas  mudam de pele todas as semanas, ninguém pode ostentar o
   brasão de dono  exclusivo da verdade. Auriberto Cavalcante fez opção 
  por uma linguagem  direta e muitas vezes agressiva, seja quando 
focaliza   problemas sociais  ou quando escreve poemas de amor. “Tudo 
vale a pena   se a alma não é  pequena”, é o que nos diz Fernando 
Pessoa, um ícone  da  poesia ocidental.
O  importante é não estrangular a voz na garganta, não calar, não se    
omitir, não imitar o procedimento do avestruz, não enterrar a cabeça na 
   areia quando pressente a aproximação do perigo. E como no pantanal 
dos    podres poderes existem avestruzes enterrando as cabeças para 
evitar  que   sejam atingidos pelas vaias e os ovos que o povo lhes 
atira! Como  são   numerosos e como são reluzentes as suas plumas! Eles 
se parecem  com   aqueles animais que assimilam as cores da paisagem, 
numa típica    estratégia de sobrevivência. Todos sabemos, inclusive o 
autor desses    livros, que as nossas catilinárias poéticas não têm o 
poder de reverter    as injustiças praticadas pelo FMI contra os pobres 
do mundo inteiro  que   sucumbem diariamente nos países 
subdesenvolvidos. De resto,  impossível   não concordar com o poeta que 
assina embaixo destes versos:  “O Zodíaco  é  uma zona / Entra quem 
acredita”.
FRANCISCO CARVALHO 
AURIBERTO CAVALCANTE E CID CARVALHO
EM CONGRESSO DO GRUPO CHOCALHO
AURIBERTO CAVALCANTE, VICENTE ALENCAR, ALMIR GOMES
E TIZIM ( ACE ), EM CONGRESSO DO GRUPO CHOCALHO
AURIBERTO CAVALCANTE, JOSÉ TELLES E VICENTE ALENCAR
EM CONGRESSO DO GRUPO CHOCALHO
AURIBERTO CAVALCANTE, OSWALD BARROSO, ROSEMBERG CARIRY,
MANOEL ARRUDA, TIZIM E FABIANO EM CONGRESSO DO GRUPO CHOCALHO










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